O Dia da Consciência Negra é um marco para toda a sociedade, uma vez que revive toda a luta da população negra por igualdade e o fim do preconceito. Muito além disso, a comemoração evidencia que esta batalha ainda está presente no dia a dia de muitas pessoas no Brasil e no mundo. Apesar do auxílio de algumas políticas públicas realizadas na última década como a lei 12.711, de 2012 (a chamada Lei das Cotas), que aumentou o número de negros nas universidades públicas (em 2018 chegou a 50,3%, ultrapassando o índice de brancos), os estudantes autodeclarados pretos e pardos ainda são minoria nos cursos mais concorridos, como a medicina. Esse tipo de discrepância reflete a desigualdade de cor ou raça que existe em toda a nossa sociedade como um todo, não exclusiva da educação ou do mercado de trabalho, que habitualmente exibe trabalhadores brancos em posições e agrupamentos ocupacionais mais prestigiados e remunerados. 
 
A participação dos negros na área da saúde é mais um exemplo disso. O primeiro semestre deste ano, quando comparado a 2019, teve um crescimento de 30% nas oportunidades de trabalho para médicos e enfermeiros. Ainda assim, os profissionais negros foram menos contratados e tiveram remuneração inferior à dos brancos, segundo dados levantados pela plataforma Quero Bolsa, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
 
Abaixo, alguns números obtidos de janeiro a junho de 2020, em plena pandemia do Covid-19 iniciada no Brasil em março:
 
- Médicos negros foram contratados 44% menos que médicos brancos e receberam uma remuneração média 18,7% mais baixa;
- Enfermeiros negros foram contratados 12,9% menos que enfermeiros brancos e receberam uma remuneração média 12,6% mais baixa;
- Nove estados brasileiros pagaram um salário maior para enfermeiros negros. Em comparação, para a contratação de médicos negros, quatro estados pagaram salários maiores. 
 
Em contrapartida, negros que atuam na área da saúde podem se cadastrar em uma nova plataforma, a AfroSaúde, healthtech de impacto social desenvolvida para dar visibilidade ao profissional da saúde negro e conectá-lo a pacientes que buscam representatividade e atendimento mais qualificado para a população negra. A incidência de determinadas enfermidades é maior para essa população e encontrar profissionais especializados é extremamente importante, bem como o protagonismo deles dentro da sua área de atuação.